Au moment où le monde célébrait la Journée des Droits Humains, le 10 décembre 2008, les blogueurs brésiliens protestaient contre un nouveau cas impuni de mort provoquée par les méthodes catastrophiques de la police [en anglais] à Rio de Janeiro.
En juillet 2008, un enfant de 3 ans était tué par deux agents de la Police Militaire d'État qui ont confondu la voiture que sa mère conduisait avec le véhicule volé qu'ils pourchassaient. La voiture de cette famille a reçu 17 impacts, dont trois ont touché João Roberto. William de Paula, l'un des deux policiers, a été acquitté de l'accusation de meurtre aggravé par un jury, le 10 décembre 2008, par 4 voix contre 3. Il a été condamné à sept mois de travail d'intérêt général pour coups et blessures contre la mère de João, Alessandra Amorim Soares, et son frère Vinicius Amorim, âgé de 9 mois au moment des faits.
Cet acquittement, comme le fait que le jury a considéré que le policier avait agi conformément à sa mission, a choqué non seulement la famille du petit garçon, mais aussi la majorité des blogueurs qui a considéré ce verdict trop indulgent, et comme encourageant l'impunité de la police. Ils se sont joints à la famille de la victime pour réclamer justice.
La blogueuse de My little corner of the world [en portugais] se dit dégoûtée du verdict et rappelle le geste désespéré de la mère de l'enfant qui, lorsqu'elle s'est rendue compte que des armes à feu étaient pointées sur son auto, a jeté un sac d'enfant par la fenêtre pour indiquer qu'il y avait des enfants à l'intérieur du véhicule :
Mais um caso de impunidade, mais uma vez vamos ver uma criança pagando pela barbaridade adulta, uma vida interrompida, uma vida de sonhos, NÃO acredito na inocência desse policial! Acredito na inocência dessa mãe que lutou num gesto inocente mostar que haviam crianças dentro do carro, francamente todos sabemos que vivemos numa sociedade sangrenta, poderia ser sim o bandido que eles estavam perseguindo, mais será que se fossem os tais bandidos os direitos humanos não teriam condenado esse policial? E agora? Aonde fica o MEU direito? A coisa mais inútil no Brasil é esse tal de “direitos humanos” quem tem de fato direito a isso? Aquele que rouba, mata, comete crimes bárbaros contra crianças! Esses sim são as meninas dos olhos da sociedade, no entanto essa criança que tinha planos, sonhos e acima de tudo INOCÊNCIA teve sua vida brutalmente interrompida e seus pais a quem restou dor e lembranças não verão a justiça ser feita, minha revolta como disse anteriormente é sabe que se o bandido tivesse morrido esse senhor morreria na cadeia, no entando como foi com mais um…vira estatística não é mesmo?
Fernanda Freitas [en portugais] écrit que savoir que William de Paula est libre fait mal. “Qu'allons-nous devenir ?”, demande-t-elle :
A família do acusado, segundo os jornais desta manhã, compareceu ao julgamento usando camisetas onde se lia: “Só quem te conhece sabe o ser humano que tu és”. A avaliar pela declaração do cabo na sessão onde admitia que havia confundido os carros (eles perseguiam bandidos em um outro carro preto, momentos antes da execução do menino) na rua escura e que poderia ter sido pior, posso imaginar que tipo de pessoa Willian de Paula é: um delinqüente. Sim, poderia ter sido pior. Com 17 tiros ele poderia ter matado a família inteira. E só executou uma criança inocente, vejam vocês como ele é generoso! Minha gente, não é exigido dos Policiais Militares que matem, que ameacem, que ponham em risco a vida de nós, cidadãos. Cabe a eles sim, nos proteger, garantir a segurança. Não poderia ter sido pior não, viu ser humano fantástico! A obrigação dos policiais, na incerteza é de não atirar: cercar, abordar, averiguar. Não somos baratas, e o que será de nós com essa polícia falha e cheia de corporativismo? O que será de nós depois desse pano quente do Júri. A acusação promete recorrer, mas essa primeira absolvição absurda já será motivo suficiente para que os corpos de outras vítimas caiam no chão diante da impunidade.
Fernanda, sur le blog Esse meu Palco [en portugais], souligne que la première grosse erreur que les policiers ont commise est d'avoir confondu deux modèles différents de voiture (une Fiat Palio et une Fiat Stilo) :
Vem cá, tem uma clara e viva diferença entre um Palio e um Estilo…não tem?!”Eles estavam cumprindo o dever.” Até quando vamos ficar na linha de risco de policiais que ao cumprirem seu “dever” colocam vidas em risco? (…) Vale lembrar que a decisão foi tomada pelo júri popular,isso quer dizer que as pessoas não fazem noção do quanto o julgamento vale,da importância e do peso que isso tem. O que aconteceu para que ele fosse absolvido? O que as pessoas estavam pensando?
Renato Vargens [en portugais] écrit que la population de Rio de Janeiro subit une de ses pires périodes depuis au moins 40 years, considérant que les meurtres et la criminalité, et l'impunité, sont devenus la norme habituelle. C'est pourquoi les jurés ont décidé de l'acquittement du policier :
A impressão que temos é que a morte de João Roberto não teve nenhuma importância para sociedade carioca. Infelizmente, na visão dos quatro jurados que votaram pela absolvição, o policial estava cumprindo seu dever.
Maurício Baccarin [en portugais] se pose aussi la question de ce qui a pu se passer dans la tête des jurés, et il aboutit à une autre conclusion :
Porque, segundo o promotor de justiça Paulo Rangel “os jurados não entenderam a votação. Um deles pediu para o juiz repetir a pergunta porque não estava entendendo e acho que continuou sem entender, mas ficou com vergonha de ser o único que não entendeu. Se é que foi realmente o único”. Rangel lamentou também a estrutura do julgamento e desqualificou os jurados, dizendo que alguns dormiram durante o julgamento. São pessoas sem qualquer compromisso com a ética”, disse o promotor.
Reinaldo Cintra [en portugais] rappelle que ce n'est pas la première fois cette année que la police reste impunie après avoir tué des personnes innocentes, et il en rend le corporatisme responsable. Et il revient sur le fait que le jugement ait été rendu lors de la Journée des Droits Humains :
No dia do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a decisão do júri soa como um tapa na cara de todos os que ainda desejam que ela não se limite a ser uma simples carta de boas intenções.
Le blog Na Boca Mole [en portugais] met en ligne une vidéo des parents qui ont perdu leur fils dans des circonstances aussi tragiques, après qu'ils aient appris le verdict, et aussi des images de la fusillade, filmées par des caméras de surveillance. L'auteur du blog se demande:
Aonde vai parar essa tamanha irresponsabilidade em colocar um policial despreparado na rua?
Paulino [en portugais] est dans le même état d'esprit :
A absolvição do PM Wiliam de Paula não legitima a execução de pessoas inocentes nas ruas das cidades brasileiras, mas sim, legitima a continuidade da falha e ineficiente Política de Segurança Pública, desde a garimpagem no seio social de pessoas inaptas para a função de Polícia, até o seu enfardamento e despojo nas ruas, para consumar o que já começa errado. Isto está legitimado com a nossa falta de consciência de cidadão, de democracia e de política.
Parmi les blogueurs contents du verdict, on trouve d'autres policiers, comme Aderivaldo Martins Cardoso [en portugais], qui écrit que justice a été rendue :
DEVEMOS COMBATER A VIOLÊNCIA POLICIAL EM NOSSO PAÍS, mas devemos perceber que todos nós estamos passíveis de cometermos erros em nossa profissão. São vários os exemplos de como alguns segundos podem fazer a diferença em nossas vidas. São inúmeras as vezes em que um erro de um profissional, seja ele médico ou policial, mudou o destino de pessoas, acabando com a vida ou matando sonhos. Tanto o médico como o policial salvam vidas diariamente, mas quando ERRAM podem levá-las para sempre. E NÓS SERES HUMANOS NÃO SOMOS PERFEITOS, SOMOS PASSÍVEIS DE ERROS A QUALQUER MOMENTO.
Mônica [en portugais], autre membre de la police, affirme que cet invraisemblable procès prouve que Dieu existe. Elle critique le commandement de la police, qui a condamné cette opération désatreuse, en le citant :
“-Os policiais não agiram de acordo com o manual da corporação, que determina que os policiais só devem atirar em legítima defesa”. Mais uma vez a PM se isenta de qualquer culpa de seus homens serem tão mal treinados, mal preparados e remunerados.
Enfin Eduardo Ritter [en portugais] compare la situation du Brésil, un pays habitué à voir la police tirer d'abord et poser les questions après, avec celle de la Grèce, où un tel événement a conduit le pays entier à manifester. Il ajoute qu'au Brésil le principal problème est que les policiers sont très mal payés, au point que la population se demande “comment, en ne gagnant que 600 réaux [200 euros] pour nourrir sa famille, un policier ne serait pas corrompu ?” :
Agora, na Grécia o negócio funciona ao contrário. O sujeito paga imposto, o policial ganha bem, e se ele matar um civil, a briga não é contra a pessoa do policial, mas sim contra todo o sistema, que ganha bem e falhou! Uma revolução está acontecendo por conta de um homicídio cometido por um policial. A polícia, lá, tem moral. E aqui, que a polícia virou chacota da dança da periquita, praticamente todos os âncoras dos jornais das grandes emissoras deram a notícia dos manifestantes da Grécia como se dissessem: “fazer toda essa baderna SÓ porque um policial matou um civil? Francamente”.
La violence policière au Brésil est l'une des violations des droits humains dans ce pays les plus reconnues internationalement. Selon Human Rights Watch, certaines estimations non confirmées officiellement font état de plus de 3 000 morts dus annuellement à la violence policière au Brésil.
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